INTRODUÇÃO
É possível conquistarmos a plenitude de Deus, visto que Ele é[1] Espírito, Infinito, Onisciente, Onipresente, Onipotente, Soberano, Santíssimo, Justo, Fiel, e entre tantos atributos, Amor? O que diz a Bíblia sobre esta possibilidade? Sim, é possível, mas não numa visão materialista e sim espiritual. Vejamos o que Paulo escreveu aos romanos:
Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé. Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça. Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis. (Rm 1. 16-20).
O apóstolo apresenta o Evangelho como poder de Deus para salvação de todo o que crê; uma versão estupidamente ridícula aos olhos de qualquer materialista. Paulo diz que através do Evangelho e pela fé pode-se descobrir a justiça de Deus; o que caracteriza uma piada para os incrédulos, o acesso do homem ao Criador, é possível pela fé. O texto paulino deixa claro que a vida do crente está diretamente atrelada à sua fé, sem ela o crente está precocemente morto. Por fim o servo do SENHOR diz que a parte cognitiva de Deus, isto é, aquilo que Dele se pode conhecer Ele mesmo manifesta de forma clara através das obras de Sua criação de modo que a criatura fica sem desculpas para alegar que não teve acesso a Deus.
A plenitude de Deus na nossa vida é a parte dispensada por Deus para cada um de nós. Isto não significa que todos têm que ter a mesma forma de manifestação de Sua presença. Mas também não nos dá o direito de permanecer no conformismo de uma vida medíocre; devemos buscar diligentemente o conhecimento de Deus. Oséias diz: “Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra” (Os 6.3).
Que Deus nos dê Graça e sabedoria e desejo que buscar a Sua plenitude.
A PLENITUDE DE DEUS
Pearlman diz em seu livro “através da Bílbia” que a carta de Paulo aos efésios, quanto a sua sublimidade da doutrina supera todas as demais epístolas.[2]Podemos concordar com ele especialmente quando refletimos sobre o vigésimo versículo do capítulo terceiro desse livro que apresenta Deus como capaz e sem nenhuma limitação. “Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera”.
Pois bem, para entendermos a possiblidade de conquistarmos a plenitude de Deus temos antes que admitir que é uma condição impossível à razão humana, mas a possibilidade transcende ao nosso pensamento.
Leamos o que escreveu Paulo:
Por causa disso, me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, do qual toda a família nos céus e na terra toma o nome, para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior; para que Cristo habite, pela fé, no vosso coração; a fim de, estando “... Arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus. Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera,a esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém! (Ef 3. 14-21).
No texto, o apóstolo deixou a condição indispensável para que compreendamos as dimensões do amor de Deus que nos enche do conhecimento que nos enche da plenitude de Deus:
Que Cristo habite pela fé em nossos corações, arraigados e consolidados na caridade, para que posamos com todos os cristãos, compreender qual seja a largura, o comprimento, a altura e a profundidade e assim podemos então conhecer a caridade de Cristo, que desafia todo o conhecimento, e seremos cheios de toda a plenitude de Deus.
Não vamos nos esquecer de que a relação do homem para com Deus é através da fé individual. Deus se relaciona com cada um de nós de acordo com a medida da fé pessoal. “Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova.” (Rm 14. 22).
COMO CONQUISTAR A PLENITUDE DE DEUS
Não fica difícil entender que a fonte do conhecimento de Deus se dá pela fé, com a prática da oração e estudo da Palavra, deixada para nós nas páginas das Sagradas Escrituras. Mas é necessário que queiramos conquistar a plenitude de Deus, pois é uma de Suas características é respeitar o nosso arbítrio. O SENHOR está pronto a nos encher de conhecimento de Sua gloria, mas não invade a nossa privacidade nesse aspecto; então já que queremos mais de Deus vamos fazer algo além de cantar: “Eu, eu, eu, eu quero é Deus!”. É obvio que o hino fala uma grande verdade, porém querer embora seja uma premissa é apenas um começo. Vamos, sem desistir, orar, jejuar, ler a Bíblia para que sejamos cheios de Deus.
A luta pela conquista da plenitude de Deus nos faz ser diferentes dos crentes que se encontram conformados com este mundo, porque somos transformados;
“E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2).
Quando experimentamos a “boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” tornamo-nos diferentes da maioria. A nova forma de vida que vivemos surte um efeito tão glorioso que reflete na nossa vida ainda que não queiramos, tornamo-nos luzes diante dos homens. O reflexo dessa luz pode ser vista por qualquer pessoa por mais distante que esteja.
COMO SE BUSCA A PLENITUDE DE DEUS?
Rompendo com a multidão.
A maioria representa a multidão e não significa que está no caminho certo. O ditado “a voz do povo, é a voz de Deus” não é verdadeiro, principalmente em se tratando de plenitude de Deus. A multidão está acostumada com a porta larga, mas o caminho do Céu é esterito. Disse Jesus: “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela” (Mt 7. 13).
Romper com a multidão significa muitas vezes, como dizem os jovens, ser careta, pagar mico, ser vacilão, dar mole, pisar na bola, amarelar, ser quadrado, zé mané, medroso, fraco, bitolado, etc. mas estes termos pejorativos são lançados diariamente por zombadores aos jovens evangélicos, principalmente aos que estão começando a sua caminhada na Casa de Deus.
Vamos ver alguns exemplos onde os jovens evangélicos sofrem chacotas provenientes dos zombadores:
Quando um adolescente vai numa festa de aniversário e não aceita bebida alcoólica é chamado de careta;
Quando uma adolescente vai com a sua mãe num culto de oração e jejum na manhã de sábado;
Quando um grupo convida um adolescente para uma festa e no dia os pais não o permitem ir é depois chamado de vacilão;
Um grupo de rapazes pularam a roleta sem pagar enquanto o trocador foi ao banheiro, no meio deles um jovem temente a Deus espera o profissional e lhe paga a passagem; o grupo lhe dirá que ele deu mole;
No dia e hora de torcer juntos pelo Flamengo num bar, o pastor marcou um evangelismo e o jovem crente faltou ao encontro no bar; os amigos dirão que ele pisou na bola;
Foi combinado um passeio na hora da saída o jovem crente percebeu que havia algo estranho e desistiu; os ímpios lhe dirão que ele amarelou;
Uma jovem do conjunto saiu com as amigas do condomínio para passear e era a única que não trajava minissaia; as amigas disseram-lhe que ela era quadrada;
Uma grupo de rapazes resolveram apedrejar um ônibus que atrasou, o jovem crente que não participou foi chamado de zé mané;
Num sítio as mangueiras estavam carregadas e os rapazes da rua entravam para pegar mangas; o jovem crente que não participou, foi chamado de medroso;
Numa conversa entre um grupo de moças todas exceto a crente se diziam não ser virgem; ao confessar virgindade a moça foi chamada de bitolada.
Eu sei que para mim, aos 56 anos é mais fácil vencer as zombarias até pela própria experiência e facilidade de ironizar as palavras que ouço, mas confesso ser muito constrangedor quando ocorrem na nossa infância, adolescência e mocidade. Eu me lembro de ter ouvido quando eu era menino e Cardoso Moreira umas cem vezes: “Aleluia, peixe no prato, farinha na cuia!” Eu vencia tudo aquilo porque estava convicto de minha fé e tinha uma vida de oração, leitura da Bíblia e culto doméstico diário, onde os meus ais nos incentivavam a permanecer firmes e que éramos pessoas especiais e que os zombadores careciam da misericórdia de Deus.
A maioria zomba da minoria fiel a Deus intentando fazê-lo esfriar na fé e quando um crente passa para o lado deles, cessam as chacotas, mas perde-se a comunhão com Deus. Para ter uma vida cheia da plenitude de Deus deve-se romper com a multidão.
Guardando as entradas chamada olhos
Quem está buscando a plenitude de Deus tem que guardar as principais entradas, os olhos; “A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz; se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!” (Mt 6.22,23 )
Como podemos dizer que estamos buscando a plenitude de Deus se somos mais atraídos pelas imagens que o mundo oferece do que as visões que Deus tem para nós.
Guardando a entrada chamada mente
Ao buscarmos a plenitude de Deus devemos selecionar o que deve ter primazia em nossa mente; “Ai daqueles que nas suas camas intentam a iniquidade, e maquinam o mal; à luz da alva o praticam, porque está no poder da sua mão” (Mq 2.1).
Não podemos afirmar que estamos na busca pela plenitude de Deus se temos a nossa mente viciada em pensamentos malignos.
Guardando o depósito chamado memória
A nossa memória é capaz de guardar muita coisa, mas deve ocupar espaço nela somente o que posa nos edificar. A Palavra de Deus deve ocupar o melhor e maior espaço, pois quanto mais da Palavra estiver na memória menos espaço para contaminantes; “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti.” (Sl 119. 11)
Quando declaramos que queremos conquistar a plenitude de Deus estamos cientes que devemos ter a mente de Cristo como disse Paulo aos coríntios (1 Co 2.15). Não podemos listar com precisão o que passaria na mente de Cristo de Ele fosse nosso contemporâneo, mas com certeza sabemos o que não passaria, basta listarmos todos os maus pensamentos que ficaram arquivados conosco e por vezes trancados e sete chaves.
Estamos buscando a plenitude de Deus, logo vamos fazer uma limpeza na nossa memória, vamos fazer desfragmentar o nosso HD, se possível, vamos para uma atitude mais radical formatando-o através da oração, jejum e leitura constante da Palavra.
Guardando a saída chamada boca
A nossa principal porta de saída do que pensamos é a boca e somos induzidos a falar daquilo que nos causa boa impressão ou nos impacta. Jesus disse: “Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca” (Mt 12. 34).
O que temos depositado no nosso coração para através da boca abençoar as pessoas que nos rodeiam? Nós que queremos a plenitude de Deus, devemos encher o nosso coração com os tesouros escondidos, mas não mantê-los em depósitos; devemos distribuir com os necessitados para que haja espaço para a renovação através do ressarcimento que Deus faz quando nos propomos a compartilhar com os outros aquilo que o SENHOR temos recebido. O que temos para falar aos necessitados?
Não podemos dizer que estamos buscando a plenitude de Deus se sabemos a escalação completa e o nome do técnico do nosso time de futebol, mas não sabemos os nomes das 12 tribos de Israel;
Como dizer que estamos querendo a plenitude de Deus se nos lembramos das últimas conquistas do Brasil na copa do mundo e não sabemos o nome de cinco povos que Israel venceu;
Não dá para dizer que estamos conquistando a plenitude de Deus se, podemos contar toda a história do filme Titanic, mas não nos lembramos da história dos recabitas;
Como afirmar que buscamos a plenitude de Deus se sabemos as regras de diversos jogos, mas não conhecemos as doutrinas básicas de salvação.
QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DOS QUE CRENTES BUSCAM CONQUISTAR A PLENITUDE DE DEUS
O crente que busca a plenitude de Deus anda em temors e santidade, numa vida de constante oração e leirura da Palabra. Ele aguarda a maior promessa de todos os temos: O arrebatamento da Igreja para, no Céu, ser coparticipantes da glória de Cristo.
Características dos crentes que buscam a plenitude de Deus
Foi alcançado pela Graça de Deus. “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8);
Aceitou o Salvador. “aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus” (Mt 10.32);
Apresentou-se arrependido. “Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.` (Mt 3.2);
Confessa todos os seus pecados. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados...” (1 Jo 1.8-9);
É santo. “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12. 14);
Pertence à Igreja de Cristo. “... Igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade.` (1 Tm 3.15);
Coopera nas atividades da Igreja. “Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus” (1 Co 3.9).
É vigilante. “Vigiai, pois, a todo tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas que têm de suceder... (Lc 21.36);
Conserva a doutrina dos apóstolos. “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações” (At 2.42).
É liberal. “... Quem, pois, está disposto a encher a sua mão, para oferecer hoje voluntariamente ao Senhor?” (1 Cr 29.5).
É fiel nos dízimos. “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa” (Ml 3.10).
Oferece sacrifícios vivos. “Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo...” (Rm 12.1).
Jejua quando necessário. “Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto” (Mt 6.17).
Tem hábito de orar. “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41).
Lê e medita na Palavra de Deus. “Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite” (Js 1.8).
Prega o Evangelho a toda criatura. “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;” (Mt 28.19,20).
CONQUISTANDO A PLENITUDE DE DEUS ATÉ AO FIM
“Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias.Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.” (Ap 2.20)
Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar. Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado (1 Co 9. 24-270.